26 setembro, 2006

É Saudade



São Paulo, 20 de Junho de 2006.

Qual a sensação que você não consegue explicar?

Neste final de semana faleceu o humorista Bussunda, do grupo Casseta e Planeta. Confesso não ser um conhecedor da obra ou da história, principalmente da mais recente, de programas semanais, com humor e piadas até certo ponto repetitivos. Um programa com esqueleto fixo, alicerçado em um duplo interesse. O da emissora que paga alto por um produto para super explorá-lo, e do grupo que precisava manter o horário mais cobiçado da TV, ainda que ambos estivessem abrindo mão de maior qualidade no resultado final.

Um grupo de amigos brilhantes na arte de fazer humor, juntos há muitos anos tornou-se capaz de encenar qualquer personagem. Ao longo dos anos, construíram uma imagem muito sólida de humor inteligente. Desde os tempos da Revista Casseta popular, passando pela TV Pirata, até os dias de hoje no programa que não assisto, Bussunda e sua turma garantiram um lugar de respeito no seleto grupo de programas de qualidade exibidos em televisão.
A morte de Bussunda, a notícia da morte de Bussunda, que chegou a mim sábado pela manhã, me entristeceu. Talvez por ter sido responsável por algum sorriso meu. Inevitavelmente conquistado com inteligência, irreverência e ironia. Ingredientes dos sábios, dos que já entenderam e encaram a vida como uma delicada brincadeira e nela devemos nos divertir muito.

Ainda que em alguns momentos não saibamos explicar o que sentimos, acho que a admiração nos remete a lembranças de outras pessoas e, portanto, sentimos a falta delas.

25 setembro, 2006

POBRE SUZANE...



São Paulo, 06/06/2006

Este talvez seja o mais controverso ponto de vista aqui exposto. Incumbo-me apenas de evocar o advogado do Diabo.

O Desembargador do Tribunal de justiça Canguçu de Almeida frustrou o desejo dilacerante da nação ao impedir a transmissão ao vivo do julgamento de Suzane Richtofen. As redes Record e Bandeirantes estavam preparadas para levar ao ar, ao vivo, o julgamento. Outra magistrada mostrou-se indignada contra a posição do colega, entendendo tratar-se de e um caso respaldado em clamor popular e por tanto deveria ser transmitido.
A alegação para o cancelamento fazia referência ao fato de que poderia influenciar os jurados.

Balelas, Suzane já foi condenada.

Condenada por todos os pais e mães que não conseguem conceber um filho que mate seus próprios pais. Foi condenada pelos jornaleiros, taxistas, padeiros, pedreiros, motoristas de ônibus que trazem no seu parecer a indignação contra todo o estado de violência que vivenciamos, dia a dia.

A simplicidade, por vezes a ignorância, o medo o “status cuo” do...

- Vejam as fotos, olhem que família feliz!

Clamam por punição exemplar a esta malévola criatura, Suzane Von Riquitofem, que aniquilou, a sangue frio, seus pobres pais.

Os adeptos da moral e dos bons costumes, da ordem e do positivismo tupiniquim, do conservadorismo, antecipam o julgamento, como sempre, e executariam a Nosferatu ali mesmo. Melhor, tentariam atribuir aos rapazolas da classe inferior a responsabilidade pela crueldade, deixando para a agora pobre menininha o álibi do desequilíbrio mental.

O que a sociedade não admite é ser enganada em seu programa de TV dominical. O Fantástico exibiu trechos da conversa entre Suzane e seu advogado, simulando uma farsa. Não perco meu precioso tempo com folhetins fantasiosos e posso estar errado, mas... O Fantástico teria violado algum direito de Suzane?

Voltando ao povo indignado

- Terá sido esta a primeira vez que réu e advogado combinam sua estratégia de defesa?

Voltando ao folhetim fantasioso.

Por que o Fantástico não gravou a conversa do Governador de São Paulo com o líder da facção criminosa PCC?

Voltando ao povo indignado.

Por que não existe esse clamor popular, esta indignação e esta revolta a favor das vítimas e contra o deputado Hildebrando? Contra o jornalista Pimenta Neves? Contra o Promotor Igor? Contra a PM de Eldorado de Carajás? Quantos mais? Para ficar apenas em nossa história recente.

Esta é nossa sociedade que produz desinformados, ignorantes e alienados a torto e a direito, assistam seus programas todas as tardes onde imbecis bisbilhotam a vida alheia e propagam a mediocridade através das antenas de TV. Voltem para frente de seus aparelhos, alimentem-se de esterco, mas guardem em seus corações tudo o que pensam.

A propósito, será que Suzane Richtofen poderá assistir aos jogos do Brasil? Beneficiada pelo presente do Governador. Esta sem dúvida é uma questão bem pertinente.

Por favor, mandem a pobre e desequilibrada Suzane para a cadeia. Para ser violentada e morta e assim ajudar a absolver os pecados desta nossa sociedade doente.

Papai me dá uma bola?




São Paulo, 22 de Junho de 2006.

A seleção de Costa do Marfim foi roubada na partida contra a Holanda. A seleção de Gana foi roubada pelo brasileiro Carlos Eugênio Simon, no jogo frente à Itália. A seleção de Togo foi assaltada frente à Suíça. Nas três partidas, salvo engano, bandidos sul-americanos estavam no apito.

Por onde começar a crítica? Pelo racismo? Ou me chamarão de racista por elencar seleções de países de maioria negra e assim não tratá-los como qualquer seleção. Uma Copa do Mundo realizada na Europa prevê o resgate do futebol daquele continente?

Na Copa passada, Itália e Espanha sucumbiram frente à vendida arbitragem em suas derrotas para a anfitriã, Coréia do Sul. Engraçado, toda indignação de nossa mídia esportiva, crítica verborrágica dos escândalos em nosso futebol, tratou a questão de forma muito tímida, me lembro. Na Copa passada, fomos muito favorecidos pelos árbitros em jogos conta a Turquia e a Bélgica, por exemplo. Talvez isto amanse os aduladores da CBF, aduladora da FIFA!

O futebol que conheci ainda garoto, pelo qual me apaixonei, está falecendo, não, ele já morreu. Não existe mais a brincadeira, não se joga mais bola. Existe apenas um produto comercial que tem público alvo definido; cidadãos que possuam dinheiro para comprar TVs de plasma, planos de TV a cabo, pacotes de viagens para o exterior, despendam fortunas por um ingresso.
O futebol que amei, morreu, no seu lugar duas vertentes, esta, descrita acima e outra mais cruel. Homens-focas, saídos das favelas de países periféricos, que sorriem como idiotas e vendem tênis, camisas, bolas, refrigerantes, desodorantes, sandálias, telefones celulares, cervejas em troca de fortunas, seduzindo seu público alvo.

Recolho-me, não vou andar na contramão, mas tenho todo o direito e não me encham o saco, de torcer pela Argentina.

SE O PARREIRA FOSSE EU...



São Paulo, 12/06/2006

Iria falar sobre a Seleção Brasileira, gostaria de remeter aos amigos que sempre me ajudam a pontuar o assunto.

A primeira estilingada, teria vindo não fosse a perspectiva de não poder mandar pela internet, na época do corte do jogador Edmilson. Diria que o Parreira começou a perder a Copa ali ao levar o volante Mineiro apenas para amenizar as cobranças vindas da imprensa paulista. Por coerência, deveria ter chamado Julio Baptista ou Edu. Vou falar.

Passou, eu estaria errado, porque o Brasil deve perder a Copa por outros motivos.

Esta talvez seja a Seleção mais “estrelinha” da história do futebol brasileiro, fruto da exploração comercial, da exposição e da utilização da mídia.

Afinal, defendi nos últimos anos a não convocação de Roberto Carlos, Cafu e Ronaldo, ainda que não estivesse questionando-os tecnicamente e sim porque enquanto Cafu já tem um bom substituto, embora jogue melhor no esquema 3-5-2 do que no 4-4-2 da Seleção. As outras duas figuras aproveitam para viver deliciosamente os castelos que construíram. Esta medida teria permitido o desenvolvimento e o empenho de outros atletas que motivados poderiam ocupar estes lugares.

Nosso centro-avante tem bolhas nos pés, provocadas por sua chuteira milionária. Tem febre provocada por uma balada até a madrugada no dia de folga, é verdade.

Parreira teria criado a condição para escalar quem quisesse porque hoje não lhe é permitido deixar estes três fora do time.

Em meu time, Gilberto Silva seria o primeiro volante e Juninho Pernambucano não ficaria de fora ao lado de Kaká. Deixo para vocês a escalação do quarto homem no meio campo que poderia ser Emerson, jogando como na Juventus, Zé Roberto, meu escolhido, Robinho recuado, Ricardinho...

O certo é que em minha seleção hoje a dupla de frente seria Ronaldo, melhor tecnicamente, mas prontamente substituível por Adriano e Ronaldinho Gaúcho, jogando como quiser.

FUTEBOL COM BANANA



São Paulo, 17/05/2006

Saí de casa agora a pouco, vim ao espetinho da Aclimação dar uma coringadinha na semifinal Vasco e Fluminense. Há quanto tempo não víamos o Maracanã fervendo com uma grande decisão?

O time do Vasco embora repleto de desconhecidos mostra-se insinuante, mas o Flu empata de pênalti no primeiro minuto do segundo tempo, acalmando-se, agora depende apenas de mais um gol para levar a disputa para pênaltis.

Hoje à tarde Sol Campbell lembrou-me João Carlos do Cruzeiro. Forte como um touro, subiu imponente, intocável, cabeceou firme, de maneira inapelável e abriu o placar para o Arsenal. Podem dizer que a zaga falhou e até falhou, mas duvido que alguém conseguisse detê-lo.

O segundo tempo reservava mais, Samuel Eto’o que infernizou a zaga inglesa empatou com um gol de centroavante com 9 maiúsculo e o Barca virou!

Ronaldinho foi testado para a Copa, teve dificuldades, quase sucumbiu, embora não tenha feito o gol, não baixou a guarda e mostrou-se pronto. Nesta brincadeira o destino ajudou a seleção, acendeu o alerta no craque brasileiro.

Enquanto isso, Vasco o Fluminense continuam no um a um, já aos 30 do segundo tempo. Vai dando bacalhau.

Certo estava o papai, torcedor do Mengão.

Não está valendo a pena ter saído de casa para ver esse joguinho, tudo bem, vale pelo texto e pelo espetinho doce, de banana e chocolate.

17 setembro, 2006

OS NÚMEROS DE SCHUMMI



São Paulo, 3 de Maio de 2006.

O que farei agora, jornalisticamente será desinformação. Entretanto, a intenção aqui, não é criar um compêndio sobre F1.
Algumas particularidades do circo da fórmula um são mensuradas de maneira a registrar as grandes marcas. Vamos a elas!
A maior de todas faz referência ao número de títulos mundiais conquistados. Cresci acreditando ser impossível, em uma época tão competitiva, que um piloto fosse capaz sequer igualar a inacreditável marca do argentino Juan Manoel Fangio, que nos anos cinqüenta conquistou por cinco vezes o campeonato mundial de F1.

Tomei gosto pela coisa nos anos 80. Acompanhei os três títulos de Piquet, o último dos três de Nikki Lauda, os três primeiros de Prost, sua retirada e posterior retorno, para ganhar com uma Willians, que andava sozinha, seu inimaginável, 4º título. A mesma Willians que conseguiu dar à Mansell, um português que nasceu na Inglaterra (diria papai), seu único título. Vi o de Rosberg, que teria sido de Villeneuve, o bom, se não tivesse morrido. Claro, vi os três de Senna. Estes os vencedores até 93.
A lista dos grandes deve ser acrescida do escocês Jack Stewart, tricampeão na década de 70, alardeado aos quatro cantos, que claro, não vi correr.

Com a morte de Airton em 94, desinteressado me afastei, e os números que seguirão certamente não terão a mesma precisão dos anos 80.

Em 95 e 96 o bicampeonato do alemão faz a alegria de quem aprecia o talento vencendo aquela Willians lá. No ano seguinte Schumi se transfere para a Ferrari, iniciando um projeto que tiraria a equipe italiana do jejum de 22 anos sem títulos. Vencendo com a equipe de Maranello os campeonatos de 2000, 2001, 2002,2003 e 2004, tornando-se heptacampeão mundial!

Descarto todos os pilotos que o Galvão Bueno achou ótimos, incluindo, Mansell, Rosberg, o bicampeão, 98-99, Mika Hakkinen, Villeneuve (97) o ruim e outros tantos, se salva apenas o campeão do ano passado, Fernando Alonso, inferior a Schumacher, mas com talento para alcançá-lo, ou quase, ao longo dos anos.

Schumacher é piloto da história que mais pontuou; que liderou mais voltas, que fez mais voltas mais rápidas, que mais subiu ao Podium. Piloto que superou já de longe as inalcançáveis 51 vitórias de Prost, as 41 de Senna, as 31 de Mansell e as 27 de Stewart, tem mais de 80.
Há dois domingos atrás igualou o último recorde que ainda não era dele, 65 Pole Positions de Airton Senna, ambos com o dobro das 33 de Jim Clark (o último dos gigantes a entrar no texto).
Os números do alemão impressionam, nas pistas ainda hoje até onde poderá chegar? Até onde teria chegado se tivesse dividido com Senna s disputas nas pistas por mais alguns anos?

Impossível precisar, certo está, que na frieza dos números da fórmula um, o número 1, tem dono, e ele é Alemão.

14 setembro, 2006

O REI DA CHUVA (testando a memória)


São Paulo, 02 de Maio de 2006.

Já há algum tempo a Priscilla, minha metade mais doce, insiste, já andava desconfiado, propositalmente em saber de mim, quem teria sido melhor, Ayrton Senna ou Michael Schumacher?
Para este tipo de comparação existem frases e conceitos considerados, “lugar comum”, que serão sempre evocados para justificar qualquer resposta.
Poderíamos dizer... São épocas diferentes, mas não tanto. O alemão estreou na Formula-1 em 1991, no meio do ano. Ayrton morreu no início de 1994, em um ano que prometia ser todo dele, mas começara todo ruim, inclusive com duas vitórias de Schumacher, seu provável oponente.
Poderíamos distinguir os estilos, embora não fossem tão diferentes assim. O explosivo Ayrton do começo de carreira e o até um pouco antiético e anti-esportivo início de carreira de Schumi tem traços de similaridade.

Schumacher e seu talento passaram a ocupar um espaço que para todo povo brasileiro, em espacial para os amantes de F1, era uma ferida escancarada, era ainda nosso.
Sem dúvida foi isto que fez que apenas no Brasil, Schumacher não tenha sido perdoado por jogar seu carro em cima do de Damon Hill, tirando-o da prova, depois de cometer um erro infantil, mas voltar à pista com seu carro danificado e ir jogando no lixo, um campeonato que ele merecia ganhar. Seu primeiro em 1995.

Apenas para identificar paralelos, Ayrton jogou ou deixou sua Mclaren bater na Ferrari de Prost em 1990, e assim, encurtou seu caminho para a conquista do título naquele ano, seu segundo. Título que ele ganharia ali mesmo, no Japão ou na Austrália, corrida seguinte, pois era melhor piloto e tinha melhor carro. Ainda que Prost fosse um milhão de vezes melhor que Damon Hill.

Ainda para falar sobre acidentes Schumi tentou fazer o mesmo que fizera com Hill, na disputa da última corrida em 1997, contra Jacques Villenueve e se deu mal, aguçando ainda mais a ira dos brasileiros diante de sua conduta incorretíssima.

Em 1989, Senna e Prost, ambos na Mclaren, envolveram-se em um acidente na chicane de Suzuka, onde o francês fechou a passagem do brasileiro. Na colisão, Prost saiu imediatamente da prova; faltando quatro voltas, Senna, sem o bico obstruía a pista e foi legalmente empurrado pelos fiscais de pista Seu carro pegou e ele passou por fora da chicane, perdeu toda a vantagem que tinha para seus adversários no trajeto de chegada aos boxes, onde teve um novo bico colocado. Voltou em segundo lugar, 12 segundos atrás do líder, precisando da vitória.

Neste incidente teoricamente provocado por Prost, teria nascido a semente que um ano depois, eclodiria aos olhos nacionais, como justa vingança na conquista do Bi-campeonato do brasileiro.

A propósito, Senna voltou à pista, tirou a diferença de 12 segundos, ultrapassou Alessandro Naninni e venceu a prova em um desempenho inesquecível.
Jean Marie Balestre, francês, diretor de prova desclassificou Ayrton Senna por passar por fora da chicane, consequentemente dando o título daquele ano à Prost.

Haveria mais uma corrida, na Austrália. Senna precisaria vencer o rival também lá, onde ainda não havia vencido. Possuíam o mesmo equipamento, o resultado seria imprevisível, porém uma chuva torrencial caiu na hora da prova. Alguns pilotos, liderados por Prost tentaram o cancelamento da largada, Prost foi o único a dar a volta de apresentação e abandonar no Box.

Senna não venceu, bateu. Não sem antes proporcionar um dos maiores espetáculos da história da Fórmula um.

Amanhã tem mais.

12 setembro, 2006

Para Meu Amigo Zé Martins


(Referência à partida São Paulo x Estudiantes, pelas 4ªS de final da Copa Libertadores de 2006)

São Paulo,20 de Julho de 2006

O começo; como sempre no começo estava – zero a zero. A secada no Internacional com um olho só não tinha surtido muito efeito.
A irritação vinha da noite anterior, da derrota incontestável do River Plate para o Libertad, dando a exata dimensão da incompetência alvinegra e da provocação barata do seu irmão.
Parodiando Henfil e Zumba;

ZÉMERMÃO,

Alguma coisa me garantia que as ausências de Lugano e André Dias, poderiam fazer a diferença.
Minha previsão se confirmou, a dupla de zagueiros reservas dava calafrios, o time argentino, embora fraco tecnicamente, levava algum perigo.
A atmosfera sentida, não in loco é claro, mas pela TV era a de sempre, estádio lotado, pressão consistente desde o início.
Ao final do primeiro tempo, ao contrário do que acontece em outras paragens menos favorecidas pela sorte, ainda que não tenha sido merecedor destacado, o São Paulo conseguiu a vantagem. Em cobrança de falta na lateral esquerda da área, cavada por Leandro Gianechinni (o melhor homem em campo) depois de uma finta de letra.
Falta batida por Júnior, na marca de 45 a bola caiu rasteira para o toque no centro da entrada da pequena área, livre, de pé esquerdo, meio de virada, todo torto, do zagueiro Ed Carlos!

É seu Martins, futebol não é Filosofia. Futebol é o contrário de todas as análises, é a afirmação do impossível é o encanto e a graça do que não devia ser mais é! Há também questões menores, como sorte, paixão, mérito e justiça.
Nada disto importa, futebol é resultado! No segundo tempo, apenas um chute cruzado de Júnior da entrada da área, vindo em diagonal para dentro que passou rente à trave.
Houve também um impedimento, por muito pouco, que o bandeirinha Viu!
Podia ter não visto, o Hermano entrava “solo” cara a cara com o Mauricinho! Aos 42 era bom demais para ser verdade, mas o bandeirinha VIU!
Pênaltis.

Tudo certo até três a três, o São Paulo batendo melhor e o almofadinha comportado, obedecendo à regra, até que na 4ª cobrança, o Jeca Goiano Danilo bateu meia boca, cruzado a meia altura e o goleiro pegou!
Um Ahhhhhhh! Foi minha resposta imediata!
Na próxima cobrança, a de passar à frente, o goleiro de vocês deu três passos para frente e saltou para seu lado direito, agarrando a cobrança, empatando a disputa. Na mesma hora falei; Ele vai mandar voltar a cobrança pois era nítido, o arqueiro caíra além da metade da distância entre o gol e a pequena área, aos pés do árbitro. E o bandeirinha desta vez, NÂO VIU!
Enquanto isso o comentarista de arbitragem, Arnaldo César Coelho, procurava todos os argumentos para justificar o não cumprimento da regra, mas na falta de algo melhor, ficou com um:
- O Rogério tem que fazer isto mesmo, agora que está perdendo.
Pérola, que só quem está um pouco menos emocionalmente envolvido, consegue escutar.
Depois disso, Júnior converteu sua cobrança. Outro caboclo chutou para fora.
Deu tricolor!

Mais uma vez. Muita festa com direito a hino, sinalizadores vermelhos, milhares de pequenas bandeiras, daquelas de plástico.
Restou-me fechar a janela, aberta para o “Chupa São Paulo” do final. Fica para a próxima.
Faltou você; mas teve você também, um beijo com saudade. Boa sorte. Para você, não para o São Paulo.

06 setembro, 2006

PCC, A SEMANA SEGUINTE.



São Paulo, 21/05/2006

A polícia paulista promove desde segunda-feira a encenação do terror. O surdo consentimento da classe média endossa os assassinatos em massa que vêm acontecendo.

A mídia e a polícia insultam nossa capacidade de discernir com as mais absurdas mentiras estampadas em cores nos jornais. Bem como as recorrentes matérias sobre o sistema carcerário americano que saem das gavetas do fantástico toda vez que nossa classe média sente-se insegura. Matérias que no inconsciente geram o medo alimentando a sensação de insegurança.

A polícia planta flagrante, dá tapa na cara, cheira sua mão, humilha, manda pôr a mão na parede, manda abrir as pernas, de armas em punho, sobre a orientação do comando e com o consentimento da animália armada.

A sociedade paulista da periferia não concorda com a postura da polícia. A sociedade paulista da periferia não gosta do traficante que alicia menores, que narcotiza pessoas que promove uma estrutura de subordinação e medo. A sociedade paulista da periferia teria inúmeros motivos para apoiar ações mais efetivas da polícia. Afinal, nós da elite branca sentimos insegurança, imaginem os moradores da periferia o que sentem.Quem é esta polícia que patrulha as regiões onde a elite branca vai comprar seus entorpecentes?

A polícia invade e mata indistintamente, Office boys, mecânicos, entregadores de pizza, cidadãos comuns, como na favela Naval a cerca de oito anos. Todo dia! A diferença está na coragem do cidadão que filmou.

A entrada de mais de 100 corpos no IML em apenas duas madrugadas choca! Suspeitos?! Suspeitos do quê! De serem negros? De serem pobres? De serem trabalhadores? Talvez de serem órfãos!

Minha suspeita é de que a propriedade privada massacra os excluídos. Minha suspeita é que devem morrer... E as mãos sujas de sangue não sejam as minhas. Minha suspeita é de que os covardes que possuem armas querem que a polícia faça o trabalho que não têm culhão para fazer.

A hipocrisia e a ignorância da sociedade em que forçosamente vivo andam na contramão da história.

No momento em que o mundo todo elege líderes e adota políticas pacifistas, respaldados no fracasso pretensioso dos anglo-saxões do Norte que deixaram e deixam nações em chamas e saem pelo tubo do esgoto. Nossos digníssimos universitários das classes média e alta, elitistas e brancas, querem fazer o contrário.

Vivam nessa mentira de falsas oportunidades iguais, vivam neste circo que o dinheiro dos seus pais produziu e morram na ponta de uma bala de fuzil, disparado por bandidos que policiam ou pela polícia bandida.

04 setembro, 2006

PCC, O DIA SEGUINTE. (1º Dia de Ataques)


São Paulo, 16/05/2006


O paulistano da classe média mostrou-se infantil diante de uma pequena dose de adrenalina que a sensação de pânico pode trazer.

Munidos de seus telefones celulares congestionaram todas as linhas.

Manobras desnecessárias, carros passando sobre a calçada, alta velocidade e desespero. Esta postura associada a imbecis que espalham boatos pela internet promoveram na cidade uma noite de terror.

Polícia e bandidos travam nas últimas horas confronto compatível às ruas do Iraque. Na periferia, quase todo dia é assim. Toda madrugada que antecede o trabalho é perigosa.

Os pais de nossa classe média começaram a contaminar a paz, frágil paz, questionando a necessidade de retirar seus filhos das escolas mais cedo. As empresas anteciparam as saídas de seus funcionários, o rodízio de veículos a exemplo do que acontecera de manhã, foi liberado. Como resultado, o maior congestionamento da história da cidade.

Caso São Paulo, o diamante abandonado pelos tucanos, passe a experimentar a sensação de guerra civil que cariocas e periféricos daqui já conhecem, é aconselhável manter a calma.

Engraçado, talvez pela primeira vez, a convocação da seleção brasileira não ocupou o noticiário do dia. Como diria o prosador, quem tem cú tem medo.

A madrugada esteve deserta, na rua apenas o frio. Falastrões de todas as partes apareceram durante a tarde e à noite com discursos inflamados, imputando a fulano ou beltrano a responsabilidade pelo caos.

O pânico justificaria qualquer medida drástica que porventura policiais pudessem adotar na última madrugada, um Carandiru a céu aberto.

Com a polícia tão alerta, ouso dizer que a criminalidade tenha sido menor nas últimas horas em São Paulo, afinal, bandido esperto sabe a hora certa de agir.