03 abril, 2007

Tempo, tempo, tempo... (Resgate Arqueológico 1)



São Paulo, 13 de março de 2001.

Sinto o tempo passar frente à janela entreaberta dos meus olhos; agitado como um pássaro perdido que ruma sem destino. Procuro talvez a chave para abrir as portas da casa que me protegem do vento e me impedem de caminhar.

Às vezes espero que elas se abram sozinhas, outras vezes atiro-me estabanadamente pela janela. Felizmente, a dor da queda é menor do que a do caminho à frente, ela acaba ali no chão. Enquanto o resto do caminho nos faz doer incansavelmente a cada curva, todos os dias; e o tempo passa, sorrimos sem jeito, por vezes nos escondemos da chuva, por outras, poucas vezes, corremos n’ela, esperando encontrar alguma coisa em seu final...

Depois da chuva; mais uma curva e aí vem o vento a passar, fecho os olhos, se não vejo, não sinto.
Em meio à escuridão parece-me que as árvores, as flores, as pedras, ultrapassam-me velozmente; não! Estou ficando, cada vez mais distante, a cada momento mais escuro, preciso abrir os olhos, devagar... Não!

Não eram flores, mas preciso correr, afinal tenho um compromisso; com alguém. Comigo? Onde? Por que? Quando? Sozinho?

Espere; prefiro dormir na estrada, tomar chuva e às vezes sentir passar o vento!

Um comentário:

Flora.G disse...

eh, o real nao esta na saida nem na chegada, ele se dispoe pra gente eh no meio da travessia, assim disse Guimaraes Rosa. Nao eh o caminho, a caminhada, talvez...os dois.
Meu professor de fenomenologia (psicologia existencial) diz sorrindo, A VIDA EH FODA!
Pois eh apaguei tudo, precisei repensar, nao sei. Na verdade guardei. Daqui a pouco eu volto primo, com o abrir das flores, a chegada da primavera aqui. O inverno foi meio barra pesada. muito vento, que corta, arrebenta a pele... muita chuva fria, sem lenco, sem documento...
realmente as vezes eh bom! Um estudo antropologico, arqueologico...
saudades
beijos flora