(Referência à partida São Paulo x Estudiantes, pelas 4ªS de final da Copa Libertadores de 2006)
São Paulo,20 de Julho de 2006
O começo; como sempre no começo estava – zero a zero. A secada no Internacional com um olho só não tinha surtido muito efeito.
A irritação vinha da noite anterior, da derrota incontestável do River Plate para o Libertad, dando a exata dimensão da incompetência alvinegra e da provocação barata do seu irmão.
Parodiando Henfil e Zumba;
ZÉMERMÃO,
Alguma coisa me garantia que as ausências de Lugano e André Dias, poderiam fazer a diferença.
Minha previsão se confirmou, a dupla de zagueiros reservas dava calafrios, o time argentino, embora fraco tecnicamente, levava algum perigo.
A atmosfera sentida, não in loco é claro, mas pela TV era a de sempre, estádio lotado, pressão consistente desde o início.
Ao final do primeiro tempo, ao contrário do que acontece em outras paragens menos favorecidas pela sorte, ainda que não tenha sido merecedor destacado, o São Paulo conseguiu a vantagem. Em cobrança de falta na lateral esquerda da área, cavada por Leandro Gianechinni (o melhor homem em campo) depois de uma finta de letra.
Falta batida por Júnior, na marca de 45 a bola caiu rasteira para o toque no centro da entrada da pequena área, livre, de pé esquerdo, meio de virada, todo torto, do zagueiro Ed Carlos!
É seu Martins, futebol não é Filosofia. Futebol é o contrário de todas as análises, é a afirmação do impossível é o encanto e a graça do que não devia ser mais é! Há também questões menores, como sorte, paixão, mérito e justiça.
Nada disto importa, futebol é resultado! No segundo tempo, apenas um chute cruzado de Júnior da entrada da área, vindo em diagonal para dentro que passou rente à trave.
Houve também um impedimento, por muito pouco, que o bandeirinha Viu!
Podia ter não visto, o Hermano entrava “solo” cara a cara com o Mauricinho! Aos 42 era bom demais para ser verdade, mas o bandeirinha VIU!
Pênaltis.
Tudo certo até três a três, o São Paulo batendo melhor e o almofadinha comportado, obedecendo à regra, até que na 4ª cobrança, o Jeca Goiano Danilo bateu meia boca, cruzado a meia altura e o goleiro pegou!
Um Ahhhhhhh! Foi minha resposta imediata!
Na próxima cobrança, a de passar à frente, o goleiro de vocês deu três passos para frente e saltou para seu lado direito, agarrando a cobrança, empatando a disputa. Na mesma hora falei; Ele vai mandar voltar a cobrança pois era nítido, o arqueiro caíra além da metade da distância entre o gol e a pequena área, aos pés do árbitro. E o bandeirinha desta vez, NÂO VIU!
Enquanto isso o comentarista de arbitragem, Arnaldo César Coelho, procurava todos os argumentos para justificar o não cumprimento da regra, mas na falta de algo melhor, ficou com um:
- O Rogério tem que fazer isto mesmo, agora que está perdendo.
Pérola, que só quem está um pouco menos emocionalmente envolvido, consegue escutar.
Depois disso, Júnior converteu sua cobrança. Outro caboclo chutou para fora.
Deu tricolor!
Mais uma vez. Muita festa com direito a hino, sinalizadores vermelhos, milhares de pequenas bandeiras, daquelas de plástico.
Restou-me fechar a janela, aberta para o “Chupa São Paulo” do final. Fica para a próxima.
Faltou você; mas teve você também, um beijo com saudade. Boa sorte. Para você, não para o São Paulo.