14 setembro, 2006

O REI DA CHUVA (testando a memória)


São Paulo, 02 de Maio de 2006.

Já há algum tempo a Priscilla, minha metade mais doce, insiste, já andava desconfiado, propositalmente em saber de mim, quem teria sido melhor, Ayrton Senna ou Michael Schumacher?
Para este tipo de comparação existem frases e conceitos considerados, “lugar comum”, que serão sempre evocados para justificar qualquer resposta.
Poderíamos dizer... São épocas diferentes, mas não tanto. O alemão estreou na Formula-1 em 1991, no meio do ano. Ayrton morreu no início de 1994, em um ano que prometia ser todo dele, mas começara todo ruim, inclusive com duas vitórias de Schumacher, seu provável oponente.
Poderíamos distinguir os estilos, embora não fossem tão diferentes assim. O explosivo Ayrton do começo de carreira e o até um pouco antiético e anti-esportivo início de carreira de Schumi tem traços de similaridade.

Schumacher e seu talento passaram a ocupar um espaço que para todo povo brasileiro, em espacial para os amantes de F1, era uma ferida escancarada, era ainda nosso.
Sem dúvida foi isto que fez que apenas no Brasil, Schumacher não tenha sido perdoado por jogar seu carro em cima do de Damon Hill, tirando-o da prova, depois de cometer um erro infantil, mas voltar à pista com seu carro danificado e ir jogando no lixo, um campeonato que ele merecia ganhar. Seu primeiro em 1995.

Apenas para identificar paralelos, Ayrton jogou ou deixou sua Mclaren bater na Ferrari de Prost em 1990, e assim, encurtou seu caminho para a conquista do título naquele ano, seu segundo. Título que ele ganharia ali mesmo, no Japão ou na Austrália, corrida seguinte, pois era melhor piloto e tinha melhor carro. Ainda que Prost fosse um milhão de vezes melhor que Damon Hill.

Ainda para falar sobre acidentes Schumi tentou fazer o mesmo que fizera com Hill, na disputa da última corrida em 1997, contra Jacques Villenueve e se deu mal, aguçando ainda mais a ira dos brasileiros diante de sua conduta incorretíssima.

Em 1989, Senna e Prost, ambos na Mclaren, envolveram-se em um acidente na chicane de Suzuka, onde o francês fechou a passagem do brasileiro. Na colisão, Prost saiu imediatamente da prova; faltando quatro voltas, Senna, sem o bico obstruía a pista e foi legalmente empurrado pelos fiscais de pista Seu carro pegou e ele passou por fora da chicane, perdeu toda a vantagem que tinha para seus adversários no trajeto de chegada aos boxes, onde teve um novo bico colocado. Voltou em segundo lugar, 12 segundos atrás do líder, precisando da vitória.

Neste incidente teoricamente provocado por Prost, teria nascido a semente que um ano depois, eclodiria aos olhos nacionais, como justa vingança na conquista do Bi-campeonato do brasileiro.

A propósito, Senna voltou à pista, tirou a diferença de 12 segundos, ultrapassou Alessandro Naninni e venceu a prova em um desempenho inesquecível.
Jean Marie Balestre, francês, diretor de prova desclassificou Ayrton Senna por passar por fora da chicane, consequentemente dando o título daquele ano à Prost.

Haveria mais uma corrida, na Austrália. Senna precisaria vencer o rival também lá, onde ainda não havia vencido. Possuíam o mesmo equipamento, o resultado seria imprevisível, porém uma chuva torrencial caiu na hora da prova. Alguns pilotos, liderados por Prost tentaram o cancelamento da largada, Prost foi o único a dar a volta de apresentação e abandonar no Box.

Senna não venceu, bateu. Não sem antes proporcionar um dos maiores espetáculos da história da Fórmula um.

Amanhã tem mais.

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