24 junho, 2010

Brasil x Costa do Marfim


Joanesburgo, 20 de Junho de 2010.

Brasil x Costa do Marfim

Depois de jogar o futebol mais bonito da primeira rodada, o Brasil, ao lado da Alemanha, Espanha e Argentina fora apontado como uma das quatro seleções favoritas ao título.

Um clima de otimismo tomou conta das cidades brasileiras depois da goleada frente os coreanos. Durante toda a semana que antecedeu o embate de domingo, muito se falava nas reais possibilidades de uma seleção, para muitos, fora de seu tempo. Incapaz, ainda que equiparadas fantasticamente as condições de preparação física dos atletas, incapaz de cumprir e corresponder, a tantas expectativas, de tantas gerações que vislumbraram em seus sonhos, este time de futebol. Afinal, vencer a frágil Coréia era obrigação.

A imprensa brasileira teve portas abertas nos treinos da seleção, Telê buscava a melhor formação para encarar um jogo que prometia ser muito duro fisicamente. Muitos pediam a saída de Éder e a entrada de mais um volante, para auxiliar na marcação aos rápidos africanos. A preocupação aumentava pela dúvida em relação à escalação de Falcão, que saíra ainda no intervalo da estréia.

Vejamos agora como foi o segundo jogo da seleção de 82, na copa da África 2010.

- É com você Juvenal Fernandes.
- Alô ouvintes das ondas médias 820; Arrasta AM, a melhor cobertura do rádio brasileiro. Depois de muito mistério, está escalado o time do Brasil que enfrenta a forte Costa do Marfim...

De microfone em punho, era assim que o repórter J. Fernandes levava, aos brasileiros de norte a sul, o onze canarinho:

- O Rei de Roma, Paulo Roberto Falcão, está fora da partida contra os elefantes africanos.

Assim, Telê mandava a campo um time bastante modificado para enfrentar os Marfinenses.

12-Leão
2-Leandro
3-Edinho
4-Luisinho
6-Júnior
16-Andrade
20-Paulo Izidoro
8-Sócrates
10-Zico
7-Careca
22-Roberto Dinamite
Dt: Telê Santana

Éder realmente fora sacado. Cauteloso, Telê escala o motor Paulo Izidoro ao lado de Andrade, substituindo Falcão na cabeça de área. Mas surpresa mesmo foram as escalações de Leão e Roberto.

-Telê. Por que o Roberto?
- Achei melhor não expor o Reinaldo a um jogo tão duro logo de cara, botei o Roberto que é mais forte e mais alto pra ter mais vigor físico no ataque.

Leão no gol era o sinal da experiência, o arqueiro campeão do Mundo em 70, campeão por Palmeiras, Corinthians e Grêmio, vivia grande momento antes da convocação. Telê sabia que teria nele mais um líder para encarar esta partida decisiva.

-Apita o árbitro! Bola rolando em Joanesburgo!

Antes mesmo do primeiro minuto, ataque da Costa do Marfim proporciona contra-golpe rápido, Careca escapa com ela pelo meio e da entrada da área finaliza por cima. Dinamite à sua esquerda em melhores condições pedia livre.

Os africanos faziam a esperada marcação pressão na saída de bola, jogando com cinco homens no meio, passaram a dominar as ações ainda que não conseguissem concluir ao gol de Leão.
O árbitro francês deixava a cuíca roncar, Tiotê acertou Zico sem bola e não levou sequer amarelo. O clima esquentava, Sócrates parecia preso á marcação de Keita.
A Costa do Marfim era um pouco superior, Yayá Touré aparecia de trás para municiar o ataque. Aos vinte, o atacante do Chelsea, Didier Drogba recebeu passe de Dindane, girou em cima de Edinho...
Esperto; Luisinho chegou travando o chute que saiu mascado. Com o desvio, Leão teve que se esticar para desviar de leve, a bola passou rente à trave.

Porém, no primeiro ataque construído pela seleção brasileira, Careca atraiu a marcação do zagueiro recuando para o meio dando início à jogada, Dinamite recebeu passe na intermediária e com um toque de calcanhar ligou com Zico pela direita, quase na entrada da área. A marcação chegou firme e dividiu com o galinho que mesmo caído ganhou o lance, enfiando na medida por trás da zaga para Roberto dentro da área. Dinamite encheu o pé, a bola subiu passando por entre as mãos do goleiro. Brasil 1 a zero.

O gol deu tranqüilidade à equipe brasileira, por alguns minutos o que se viu foi a Costa do Marfim rifando a bola e o Brasil procurando ficar com ela o maior tempo possível. Em nova entrada criminosa Keita acertou Sócrates, recebendo apenas amarelo. O jogo truncado foi para o intervalo com o Brasil em vantagem.

O segundo tempo recomeçou em alta velocidade, Drogba escapou pela esquerda, mas Paulo Izidoro ajudando a defesa recuperou a bola na entrada da área. Aos quatro minutos, Sócrates fez brilhante inversão de jogada, pelo alto, da direita para a esquerda. Roberto subiu mais que o zagueiro ainda na intermediária, ajeitou com o braço e surpreendido pela cobertura que chegava deu um chapéu no oponente. Matou no peito e pouco mais à frente, com a perna direita, cortou Touré que vinha na cobertura, já ajeitando para a canhota. Finalizou firme e fez um golaço. Brasil 2 a zero. O árbitro chegou a perguntar a Roberto se havia levado com a mão, mas o Cruz-maltino negou e o gol foi validado.

Aos dezesseis, Zico recebeu de Sócrates e emendou, Boubacar fez boa defesa. No minuto seguinte novamente Zico, agora pela esquerda, enfileirou a defesa, invadiu rente à linha de fundo, ergueu a cabeça e cruzou rasteiro em diagonal, Careca que vinha de frente foi mais rápido que a defesa e desviou de canhota. Brasil 3 a zero. Telê sacou Sócrates e Zico colocando Batista e Dirceu Lopes.
A violência tomou conta da partida. Aos 30, Tiotê levou apenas o amarelo quando acertou Careca que saiu de maca. Zé Sérgio entrou em seu lugar. Aos 33, Yayá Touré, sempre ele, fez jogada individual e cruzou, a zaga falhou feio e Drogba apareceu livre para desviar de cabeça. Leão nada pôde fazer. Brasil 3 a 1.
Roberto caiu na provocação dos africanos e foi expulso aos 40. O Brasil foi todo para a defesa. Com um a mais a Costa do Marfim apertou. Aos 43 na cobrança de escanteio pela direita, novamente Drogba, agora desviando de cabeça no primeiro pau marcou. Brasil 3 Costa do Marfim 2.
Leão segurou a bola dentro do gol. Na confusão o arqueiro simulou uma agressão, o perdido árbitro francês caiu na dele e expulsou o violento Tiotê.
Aos 49, no último lance da partida, Júnior roubou a bola na defesa e lançou Zé Sérgio, que com a habilidade habitual, venceu com belíssimos dribles seus dois marcadores, ainda na intermediária, o ponta-esquerda do São Paulo viu Júnior que acompanhava por dentro e devolveu na medida. Na saída do goleiro ele tocou por baixo. Brasil 4 a 2. Com direito a sambadinha. E fim de papo.

Telê reconheceu a superação da equipe, ficando feliz pelo resultado conquistado e a vaga garantida. Embora acredite que a equipe ainda possa melhorar. Na sexta O Brasil encara Portugal, já com o retorno de Falcão. A dúvida passa ser Careca que saiu lesionado. Reinaldo certamente volta ao time. Esta é a Seleção Brasileira, que espantou o fantasma da zebra africana e parte firme em busca do hexacampeonato.

Mário Cardoso de Oliveira para o diário da COPA.

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