São Paulo, 21/05/2006
A polícia paulista promove desde segunda-feira a encenação do terror. O surdo consentimento da classe média endossa os assassinatos em massa que vêm acontecendo.
A mídia e a polícia insultam nossa capacidade de discernir com as mais absurdas mentiras estampadas em cores nos jornais. Bem como as recorrentes matérias sobre o sistema carcerário americano que saem das gavetas do fantástico toda vez que nossa classe média sente-se insegura. Matérias que no inconsciente geram o medo alimentando a sensação de insegurança.
A polícia planta flagrante, dá tapa na cara, cheira sua mão, humilha, manda pôr a mão na parede, manda abrir as pernas, de armas em punho, sobre a orientação do comando e com o consentimento da animália armada.
A sociedade paulista da periferia não concorda com a postura da polícia. A sociedade paulista da periferia não gosta do traficante que alicia menores, que narcotiza pessoas que promove uma estrutura de subordinação e medo. A sociedade paulista da periferia teria inúmeros motivos para apoiar ações mais efetivas da polícia. Afinal, nós da elite branca sentimos insegurança, imaginem os moradores da periferia o que sentem.Quem é esta polícia que patrulha as regiões onde a elite branca vai comprar seus entorpecentes?
A polícia invade e mata indistintamente, Office boys, mecânicos, entregadores de pizza, cidadãos comuns, como na favela Naval a cerca de oito anos. Todo dia! A diferença está na coragem do cidadão que filmou.
A entrada de mais de 100 corpos no IML em apenas duas madrugadas choca! Suspeitos?! Suspeitos do quê! De serem negros? De serem pobres? De serem trabalhadores? Talvez de serem órfãos!
Minha suspeita é de que a propriedade privada massacra os excluídos. Minha suspeita é que devem morrer... E as mãos sujas de sangue não sejam as minhas. Minha suspeita é de que os covardes que possuem armas querem que a polícia faça o trabalho que não têm culhão para fazer.
A hipocrisia e a ignorância da sociedade em que forçosamente vivo andam na contramão da história.
No momento em que o mundo todo elege líderes e adota políticas pacifistas, respaldados no fracasso pretensioso dos anglo-saxões do Norte que deixaram e deixam nações em chamas e saem pelo tubo do esgoto. Nossos digníssimos universitários das classes média e alta, elitistas e brancas, querem fazer o contrário.
Vivam nessa mentira de falsas oportunidades iguais, vivam neste circo que o dinheiro dos seus pais produziu e morram na ponta de uma bala de fuzil, disparado por bandidos que policiam ou pela polícia bandida.
2 comentários:
Como o David dizia, e eu concordava, em um certo dia de conversa e bebedeira: "... esta é a teoria do ódio, você apanha sem saber por que, sem saber de quem, à mando de alguem e sob a proteção da lei...".
Não estou falando de possíveis mentiras miraboladas pela polícia, ou pelos governantes, mas sim do preconceito e doentia de poder que as "autoridades" emanam escondidas durante o cotidiano, e escancaram em situações assim.
Um exemplo é a dificuldade que tenho de entrar naquelas portas giratórias nos bancos, principalmente quando estou de mochila. Já cheguei a deixar a mochila na rua para poder entrar e pagar uma conta!
O problema da repulsa da periferia com a polícia é culpa dos próprios policiais, pois nunca respeitaram as pessoas menos favorecidas. O ar de superioridade sempre se estampa na cara dos "gambés" quando estam passeando pela favela.
Será isso uma das penínsulas da "teoria do ódio"?
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